Que o céu é o limite!
Comenta
Se há coisas
na vida que são duras são as nuvens. Vejam bem: se está nublado, é porque o sol
fez asneiras e as nuvens privam-no da sua vida social. Mentira! Se está
nublado, é porque as nuvens querem os raios de sol somente para elas. Ou
pensavam o quê? Que nós ficamos pretos ao sol e elas não? Ah pois, é por isso
que quando está nublado, as nuvens estão pretas ou então, andam a caminhar para
lá… E olhem que não é só por isso, antes fosse! Quantas vezes não andaram aí
aos tiros às nuvens? Chamavam-lhes malucos, pois é, só que o maluco é o que
melhor vê… E alguém viu uma nuvem ser perfurada e escorrer sangue? Fiquem
sabendo que eu não! É o que eu digo: mais duro que as nuvens não há! Vejam bem
que até um avião fizeram desaparecer, a culpa é das nuvens. Mas a mim não me
enganam! Já me diziam quando eu era pequenita: “Porta-te bem, se não, não vais
para o céu…” Mas qual céu, qual quê? Acham, alguma vez, que as nuvens vão
partilhar alguma coisa com vocês? Connosco? Já elas partilham os seus despojos,
e já é muita sorte! E mal-educadas são! Então não é que a gente vai na rua, nem
cá vai disto, nem cá vai merda, é logo com os despojos pela cabeça, e é se
queres, porque se não quiseres tens bom remédio: aprende a querer! É assim, não
há volta a dar… Oh, oh, e nunca vos passou pela cabeça: “Ah e tal, porque é que
o céu é o limite e não a lua, por exemplo?”? E porquê? Porque as nuvens não
deixam, a culpa é das nuvens, elas é que mandam e nós é que obedecemos, lei da
vida, melhor, lei das nuvens… São coisas tristes… Talvez um dia a gente tenha
coragem suficiente para se revoltar… O primeiro passo já foi dado. Já criamos o
algodão doce para comermos nuvens em forma de protesto, muito subtil, até
mascaramo-lo de cor-de-rosa para que as nuvens não o descobrissem, mas nem com
branco elas vão lá, nem nós, mas eu acredito! Ou acreditava! Já nem sei bem:
pus-me a pensar, e acho que devemos duvidar que o aquecimento global e esta
coisa das mudanças de tempo loucas é culpa nossa, é das nuvens, foram as
nuvens! Será que já descobriram a nossa revolução? Oh, que vai ser de nós? Ali
está uma, ali está outra! Olhem! Até acolá! E agora? Para onde nos vamos virar?
Se para o céu a suplicar, se para a terra a escavar? Escavemos! Que o céu é o
limite…
Comenta