TWO VOICES ONE HEAD


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A Terceira

E chovia lá fora e fazia frio. Nem a chuva nem o cobertor servem de aconchego para o que aí vem, para o que já veio. Gostava de ficar presa num acorde já passado. O céu está sem sol, estrelado se calhar, não sei. A música toca. Porque a angústia está presente neste. A lareira está acesa. O gato está enroscado, servindo de espelho às chamas. E eu não sei o quão possível é suportar a intensidade desse acorde. O grito do vento abriu uma janela. Que força do tempo. Sou um nada capaz de pegar num remo e não remar contra os acordes baixos da música. Trovoada, lá ao fundo, se ouve. Chegará cá? Não sou músico nem marinheiro, podia ser, teria mais sentido. A tempestade tem uma palavra a dizer. Palavra essa que não me deixa ouvir a razão a falar. Quem me dera poder voar, poder agarrar com força os que caem. O que é a razão? Perguntou um miúdo no autocarro, no outro dia. Mas não voo , que útil! A razão é aquilo que vês, o que sentes não tem razão nenhuma. E um trovão se soltou nesse instante. É pena ser o que devia já ter sido. Em breve veremos os estragos da tempestade. Na meteorologia mostra que amanhã estará sol. E crescer, não cresço...
-Nem todas as árvores têm de ser altas! Quem disse que não dará fruto assim como está?!
-O sol não virá!