TWO VOICES ONE HEAD


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O pêssego
 Debaixo de um pessegueiro estava, quando subitamente sentiu um roedor no seu interior. Levantou-se, e puxou a mão para o pessegueiro. Nenhum pêssego já havia ali. Às ordens do roedor, partiu. Montou no seu cavalo e foi, deixou para trás uma página do seu caderno ou livro, não se sabe ao certo. Já há dias que havia-se soltado mas nunca caíra até então.
 Na página lia-se: “A besta soltara um terremível berro e toda a aldeia num previsível salto, saltaram a correr. Podiam ter corrido o mais que puderam mas não se salvaram da besta, incorporaram-se na besta quanto a besta neles. Arrotando, a besta estava saciada até voltar a ter fome.”
 Fosse um diário de bordo, mas não era um marinheiro, o homem. Tinha um cavalo. Ficámos por não saber.
 - O pobre homem nem para cima soube olhar. – diziam no mercado, rindo-se da tal figura.
 É, um pêssego ainda ali havia, havia mais aliás, uns verdes sim mas maduro tinha um, pronto a colher, antes de cair no chão. Não fora atacado por pássaros, fora adorado por eles até, era o fruto perfeito e ele não o colheu! Disparatado, o homem…
 O fruto acabou por apodrecer antes de o senhor lá do pomar o ter colhido, desperdício há quem diga, verdade é que ninguém o provou se não o tal homem. É, afinal ele tinha provado, numa outra página leu-se:
“Bela era a casca, o caroço grande.”

 Nunca mais se viu o homem, dedicou-se aos limões talvez…

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