Dia ...
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“Fomos
atingidos! Vamos cair!” é a última coisa que me lembro… Não encontrei mais nada
após o embate. Eu preciso, eu preciso de encontrar todas as minhas peças para
sair daqui.
Lembro-me de
um dia ter uma necessidade de olhar para o mar, agora estou rodeada de água –
nada bonito quando isto acontece – água a mais…
Já tentei, já
tentei nadar daqui para fora mas os movimentos invariáveis não me deixam
libertar…
Volto-me para
o sol, abro os braços em tom de querer voltar ao céu de onde caí mas mesmo
atrás de mim, lá está, lá está a cruz, sempre firme nos meus pés… Oh reverendas
altezas, deixai-me partir!
Lembro-me de
quando era pequena olhar para o céu e sonhar com a felicidade de poder tocar
nele, agora cresci, estou mais perto do céu do que o que estava mas não me
lembro, não me lembro realmente de ver felicidade nisso…
Lá estou eu
para aqui outra vez a escrever em vez de encontrar o que me falta…
Talvez esteja
na hora de ao invés de subir, descer, descer ao fundo da água e procurar.
Talvez nem estejam lá as peças mas quem sabe? Talvez haja um ralo pronto para
eu tirar a tampa e assim me levar a outro lugar. Magnífico até, voltar a viver…
Quem sabe se
não somos iludidos com o subir? Quem sabe se afinal a resposta de tudo não está
no topo, como sempre pensamos? Quem sabe se não precisamos de procurar noutro
sítio? Afinal de contas queremos todos subir e nunca ninguém experimentou
procurar lá em baixo…
Caso estejas
a ler isto e sejas alguém que caiu para este nível, vemo-nos algures pelos
fundos…
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