O Eu e o Ninguém
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Ninguém sabe onde estamos, Ninguém é dono da verdade
e da mentira porque a verdade é mentira e a mentira é verdade. Ninguém sabe
onde está o Eu, o Eu que se encontrava num edifício que se ruiu mas que
aparentemente está intacto, é isto afinal uma ilusão? O Eu foi-se mas voltou
como o capuchinho vermelho voltou depois do lobo mau persuadi-lo. Será que foi
o lobo mau que ruiu com o edifício? Ele fez o mesmo com os três porquinhos. Mas
o lobo mau teve tempo de se redimir. E se afinal, a culpa for do Eu, o Eu não é
o mesmo dito e escrito. Faz dele falso? Faz dele incompreensível. Talvez até a
culpa não seja de alguém em particular, talvez o problema estivesse na
construção ou manutenção. Eu saber lá, e não só lá, também dó, ré, mi, fá, sol
e si. Mas isso não vale de nada na construção civil. Então, para quê isto tudo, se Eu não está no sítio certo? Ninguém sabe se está no sítio certo mas não diz
nada. Não pode dizer porque Ninguém conhece todos os erros e o Eu necessita de
não os saber para continuar a sua caça ao tesouro, sim tesouro, depois do erro
vem o tesouro e depois do tesouro vem os piratas. E depois dos piratas? E o que
fazer para derrotá-los? Eu não sabe porque Eu ainda não chegou lá.
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